Os projetos já realizados e aqueles que serão promovidos em torno da preservação do meio ambiente na Capital foram discutidos em audiência pública nesta terça-feira (25), na Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP). A vereadora Eliza Virgínia (PSDB) e o vereador Raoni Mendes (PDT) foram os idealizadores dessa audiência para comemorar o Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado no dia 5 de junho, e para tratar de assuntos relacionados ao tema.
A vereadora Eliza Virgínia exibiu um vídeo do programa Fantástico, da Rede Globo de Televisão, o qual abordava a coleta de dejetos de animais nas ruas de Madri, na Espanha, pelos seus donos, bem como a punição caso esse recolhimento não seja feito. A cidade mantém um cadastro dos donos de cães com seus endereços, o que torna viável a punição das pessoas que não recolhem os resíduos fecais dispensados pelos animais.
Ainda no vídeo, a cidade de João Pessoa foi destaque por instalar um mobiliário urbano para recolhimento de dejetos de animais, o chamado “cocoletor”. O equipamento disponibiliza saquinhos para que o cidadão recolha os resíduos e os coloque no lixo. Eliza Virgínia afirmou que essa iniciativa merece aplausos e que “João Pessoa finalmente aparece com uma coisa boa na mídia nacional”.
A parlamentar ressaltou projetos de sua autoria para preservação do meio ambiente e descreveu os caminhos do lixo, começando pela retirada com os coletores até a entrega do material nos aterros sanitários. Eliza Virgínia também enfatizou que a coleta seletiva aumenta a vida útil desses aterros e facilita a vida dos catadores informais.
“Temos que ter cuidado para não aterrar lixo que não é lixo. Com a falta de coleta para reciclagem, resíduos como plásticos demoram a se decompor e diminuem a vida útil do aterro sanitário. Temos que promover a educação para conseguirmos separar o lixo orgânico do não orgânico. Isso facilitaria o trabalho dos catadores que lutam para ter o seu ganha-pão nesse serviço interessante e digno”, declarou.
A vereadora ainda propôs a adoção de cooperativas para ampliar o trabalho dos catadores e melhorar sua qualidade de vida. A ideia é que as pessoas façam a separação do lixo reciclável e que a coleta aconteça no mesmo dia do recolhimento do lixo comum. “O lixo reciclável seria enviado diretamente a uma cooperativa em que os catadores estariam treinados, equipados e cadastrados para receber benefícios previdenciários”, sugeriu.
Ações voltadas para educação da comunidade
“A Emlur tem tratado essa interação com muita dignidade, promovendo o que é ser cidadão na vida comum. Antes de ser superintendente, sou cidadão que reivindico e quero que as coisas estejam da melhor forma possível. A Emlur tem colocado à disposição da cidade instrumentos de viabilização dessa interação”, enfatizou Anselmo Castilho.
O superintendente lembrou ações da Autarquia voltadas para esse fim, como a parceria com a empresa Pooblicão, que doou coletores para recolhimento de dejetos de animais; o aplicativo gratuito “Olha isso, Limpinho”, em que, por meio de smartphones e tablets, as pessoas podem registrar demandas e enviá-las diretamente ao órgão para as devidas providências; o projeto “Emlur no meu bairro”, que sorteia comunidades para intervenção da Autarquia todas as terças-feiras; e o Limpinho 3R (Reduzir, Reutilizar e Reciclar), que incentiva a coleta seletiva no município por meio de bonificações aos cidadãos que separarem seu lixo.
O secretário de Meio Ambiente do município, Edilton Nóbrega, também afirmou que está sendo feito um estudo para a criação de um cadastro técnico municipal junto à Secretaria de Saúde e ao Centro de Zoonozes para que haja um banco de dados com informações de donos de animais na Capital. “A ação promovida em Madri só é possível porque eles têm um cadastro, conhecem quem são os donos dos cães e os punem caso infrinjam a lei. A gente não conhece, então não podemos cobrar de maneira eficaz”, relatou.
Parcerias com a sociedade para preservação ambiental
“Nossa iniciativa não veio com a intenção de que a Prefeitura bancasse, mas que outras empresas pudessem comprar essa ideia, ajudando a Prefeitura e, principalmente, o meio ambiente. Ninguém pode abraçar o mundo sozinho, mas, se as pessoas derem as mãos, a gente consegue”, enfatizou.
O representante do Ministério Natureza Viva da Igreja Batista, Eliezer Cordeiro, também ressaltou que a questão do meio ambiente é de interesse de todo cidadão. “A questão ambiental não diz respeito somente à classe política ou se restringe a um segmento, mas sim à sociedade”, afirmou. Ele destacou a coleta seletiva dentro da própria Igreja e o reaproveitamento do óleo de cozinha na produção de sabonetes caseiros como ações desenvolvidas pelo Ministério em prol do meio ambiente.
Já a representante da Associação Paraibana dos Amigos da Natureza (Apan), Socorro Fernandes, elencou problemas da cidade que podem comprometer seriamente o meio ambiente, como a urbanização da orla de João Pessoa, prejudicando a desova de tartarugas no bairro do Bessa; a retirada de árvores com o objetivo de alargar as avenidas; e o desmatamento de mais de 600 hectares de vegetação para a construção de prédios, resorts e shopping centers.
“Essas ações não constituem um turismo sustentável, e é preciso que as políticas do meio ambiente sejam devidamente colocadas e cumpridas. As leis brasileiras são maravilhosas, mas não são cumpridas por muitos órgãos e gestores. É preciso pensar numa sociedade com sustentabilidade”, defendeu.
Representando o Comando do Batalhão Ambiental da Polícia Militar, o tenente Lira homenageou a iniciativa da CMJP e ressaltou o papel da educação na conscientização das pessoas com o intuito de preservar o meio ambiente. “A educação é a chave para que, juntos, possamos mudar as práticas sociais e fazer um futuro com a questão do meio ambiente mais eficiente. O Batalhão está a disposição para que trabalhemos juntos em cima da prevenção, da educação e de práticas afirmativas na proteção do meio ambiente”, afirmou o tenente.
Ainda fizeram uso da palavra na audiência o vereador Renato Martins (PSB); o autor da ação popular contra a urbanização da praia do Bessa e em defesa da desova das tartarugas marinhas, Andrés Von Dessauer; e o representante da Associação Guajiru de combate à degradação ambiental, Igor Trigueiro.
Clarisse Oliveira
Nenhum comentário:
Postar um comentário